Higiene e Independência

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Quando pensamos na adaptação da casa, muitas vezes lembramos mais do quarto e da sala, lembramos até da cozinha, mas esquecemos de adaptar o banheiro. Este, no entanto, é o local da higiene, e é muito importante para a saúde da criança que ela tenha independência e autonomia neste sentido.

Nas escolas Montessori, deve haver um banheiro completamente adaptado às necessidades da criança, com vasos sanitários mais baixos, pias naturalmente acessíveis e muitas vezes chuveiros ou banheiras para um possível banho. Em casa, isso normalmente não é possível, e sequer é necessário, já que nas escolas a casa é das crianças, mas no lar, tudo pertence à família toda.

As atividades de desenvolvidas no banheiro são, principalmente:
  • Lavar as mãos e o rosto;
  • Escovar os dentes;
  • Tomar banho;
  • Secar-se.
Neste artigo, vamos abordar as adaptações possíveis para o melhor desempenho de cada uma destas atividades pela criança.

Mesmo em um banheiro pequeno, há espaço para um banquinho, e um banquinho resolve boa parte das dificuldades da criança. O ideal é que não seja muito alto, que tenha uma superfície bem razoável (cerca de 50cm de cada lado), mas especialmente, é necessário que seja muito firme. Se a superfície for menor, porque o banheiro não comporta 50cm, não tem problema, é só ensinar a criança a ser cuidadosa e garantir que a base seja firme.

A altura do banquinho deve ser aquela que permita à criança alcançar o que deve. Geralmente, alcançar a pia. Deve ser possível a ela alcançar a torneira e o sabonete, para lavar as mãos e o rosto e a toalha, para secar-se.

Para que aprenda a escovar os dentes, pode-se primeiro ensiná-la os movimentos com o dedo, para que sinta as texturas de sua boca e conheça-se melhor, para depois inserir um objeto que auxilie na limpeza. Mostre como se deve colocar a pasta na escova, isto se provará um exercício de controle motor fino interessante e desafiador. Ensine-a a massagear os dentes e a gengiva de forma macia e a escovar a língua e o céu da boca, devagar e suavemente, sem levar a escova até a garganta. Demonstre também como se faz para bochechar sem engasgar-se, e para pegar a água nas mãos sem derramar.

Escovar os dentes é um exercício muito interessante para a criança, porque contém em si o controle dos erros. Se a criança  apertar demais a escova, perceberá logo seu erro e isso a auxiliará a controlar melhor a pressão. Se colocar pasta de dentes demais, ou de menos, ou excesso ou a falta de espuma se farão notar. Se não conseguir pegar a água será fácil de perceber também, e tudo isso auxiliará o controle motor da criança e dará a ela a oportunidade de superar-se e de se desenvolver.

Tomar banho também é uma atividade cheia de desafios. Primeiro, um alerta importante, mas talvez óbvio: nunca deixe uma criança sozinha em uma banheira e, caso ela tome banho em um box, permaneça por perto e atento aos sons, para o caso de um tombo, não desejável, mas possível.

Por algum tempo, acompanhe o banho de perto, ajudando e ensinando o que lavar e como fazê-lo – não se esqueça, no entanto, de corrigir somente o que for estritamente necessário e de permitir à criança desenvolver-se o máximo possível à sua maneira. Para ela, muitas vezes, pode ser mais importante sentir a água e interagir com ela do que esfregar o sabonete por cada canto do corpo. Só a corrija quando for estritamente necessário.

O sabonete e o shampoo podem ficar no chão ou sobre um banquinho plástico, onde é fácil para a criança alcançar. Aqui, novamente, segurar o sabonete é um exercício de controle motor fino, assim como abrir a tampa dos frascos de shampoo. Há muito a aprender, além da higiene, que será aprendida ao mesmo tempo.

Depois do banho, outro exercício chega: o de secar-se. Uma toalha muito macia deve ser usada, e pode ser deixada à altura da criança, por meio de ganchos baixos, ou não tão baixos, nas paredes. Desde que ela consiga puxar a toalha, está bem. Ensine-a a secar-se e novamente, seja detalhista: “Seque-se de leve e não deixe nem uma gotinha”. E não se esqueça, ser detalhista não é pegar no pé, é dar instruções precisas para que a criança não se confunda e saiba executar a tarefa. O controle do erro aqui são as gotas d’água no corpo e, acredite, a criança repara nelas.

Aqui terminam as instruções sobre a higiene básica. No próximo artigo, abordaremos as seguintes ações: urinar, evacuar, limpar-se e ler gibis.

Se você tiver um filho pequeno e quiser tirar dúvidas, dar sugestões ou colocar outros pontos de vista, faça comentários aqui no blog, para todo mundo aprender junto! 

Preparação de Ambientes

15 comentários

  1. Interessantíssimas as dicas! Com certeza a Maria Flor e seus dois irmaozinhos vão fazer isso =)E fico no aguardo do próximo post sobre gibis. Aprendi a ler com eles aos 3 anos =)

  2. Mandacarú, julgo que a observação sobre as quedas foi suficientemente clara. É importantíssimo que os pais estejam por perto, especialmente nas primeiras vezes, para socorrer caso algo aconteça. Pessoalmente, não gosto de tapetinhos para o box, porque eles podem criar fungos com o tempo, mas são uma opção. O ideal no entanto é ensinar a criança a ter cuidado enquanto fica de pé dentro do box. Nunca assuste, somente explique como se deve fazer. Também evite explicar qual seria a maneira errada de fazê-lo, por exemplo: não diga "não pule", "não corra", mas "tome banho devagarinho", "ande com cuidado".O risco da queda existe sempre, mas se ensinarmos com bastante atenção, o risco de quedas diminui. A independência da criança não implica nunca em um "abandono" pelo adulto. É ainda mais necessário que os pais estejam por perto quando o filho é independente, porque em vez de ficar parado esperando pelos pais, ele tomará iniciativas o tempo todo.

  3. Ola,
    ultimamente tenho lido muito sobre o “lar montessori”, mas minha busca se dão por um motivo muito especial: Julia (4 anos). Julia ainda não anda e não fala, mas engatinha e é muito curiosa. Não cabe mais no berço e, como não anda ficamos com medo de colocá-la em uma “cama”, pois não tem noção da altura. Adora lavar as mãos e escovar os dentes, tudo que tem aguá. Resolvi me arriscar e tentar adaptar o quarto e o banheiro para ela usar, do modo dela e com auxílio de um adulto no que precisar (ex: ficar em pé para lavar as mãos e escovar os dentes sentada), para isso o plano é colocar uma escada para alcançar a pia e um banquinho para poder ficar a vontade e escolvar os dentes. Estamos adaptando o quarto também: a cama será um colchão, que esperamos ela consiga aprender a subir e descer sozinha, terá almofadas no chão no caso dela rolar; espelho (ah os espelhos) a casa já está toda cheia de espelhos, pois ela “ama”. Os brinquedos estamos separando por temáticas e terá seu cantinho do aprendizado (pois tem uma professora especial que vem em casa). Estou buscando as inspirações por aqui, apesar que ainda não achei nada que fale especificamente da criança especial (ou com as suas necessidades e tempos diferentes dos demais), mas estou adorando e esperamos apenas dar á Julia um pouco mais de independência. Talvez no futuro tenhamos que adaptar tudo mais elevado para o uso de uma cadeira de rodas, mas por enquanto o estímulo tem sido para ela tentar se levantar e buscar desenvolver seus interesses.

  4. A cada dia me apaixono por este blog e os ensinamentos que nele contêm. Me surgiu uma dúvida a cerca de tomar banho sozinha, com que idade poderia iniciar este processo?… Tenho uma filha de 1 ano e banho ela na banheira, mas percebo que ela tem muito interesse de tomar banho no chuveiro, mas o chão do meu banheiro é muito escoregadio, até eu adulta já escorreguei, será q posso colocar tapetes no banheiro?… Me desculpe o texto longo… Obrigado

    1. Usar um recipiente de shampoo de hotel daqueles bem pequenos e encher a cada banho, a criança usa de lá. Ou usar um recipiente grande, mas só colocar um pouquinho de shampoo por banho. Para sabonetes líquidos, de for o caso, diluir pelo menos no sinto
      dobro de água, também é uma boa ideia.

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