As 5 vantagens de uma horta para o seu filho

O inverno está chegando no Brasil, e em muitos estados isso quer dizer que a melhor época para começar uma horta está chegando também. Crianças que podem conviver com a natureza, e crianças que cultivam alimentos para si mesmas, além de mais felizes e estáveis emocionalmente, adquirem também um senso melhor de seu lugar no mundo, sua responsabilidade para com a vida, e passam a perceber o tempo de um jeito diferente e especial. Neste texto, vamos ver as cinco maiores vantagens de uma horta para as crianças, de acordo com o que Maria Montessori descobriu, cedo em seu trabalho.

Quando começou sua primeira Casa de Crianças, em 1906, Montessori começou junto um canteiro e uma horta. A experiência foi replicada em vários países e muitas professoras enviavam cartas à Montessori dizendo que a horta era a parte mais importante da escola. Ela pode ser também a parte mais importante da casa. Vamos descobrir porquê.

1. A criança aprende a observar a vida

Uma criança que vive na cidade tem muito pouca chance de ver a vida se desenvolvendo. As estações afetam pouco além da temperatura, as verduras e frutas estão sempre disponíveis no mercado, e os animais, dentro de casa, protegidos. A horta mostra para a criança os ritmos da vida. A luz e a água afetam as folhas, que mudam de cor. As folhas começam minúsculas, mas com tempo e alimento ficam grandes e fortes. A vida se transforma. A criança se torna íntima desse processo, e aos poucos generaliza seu aprendizado, inclusive, transferindo-o para animais, plantas da cidade e seres humanos.

2. A criança aprende a prever consequências

Se uma planta não é regada por dias a fio, começa a perder vitalidade, e isso aparece na cor e na força das folhas, que ficam murchas e evidenciam, sem a explicação do adulto, que há algo errado. A criança aprende, então, que deve cuidar de suas plantas, pois elas dependem dele, e se ele falhar, elas sofrerão as consequências. A criança percebe que o futuro depende do presente, que há pequenos atos que levam a grandes consequências, e que não adianta deixar para fazer “tudo de uma vez”, por exemplo, colocando muita água em um dia e nenhuma no outro. A criança aprende, sozinha, uma forma elementar de “previsão do futuro”.

3. A criança desenvolve paciência e expectativa

É impossível pedir a uma planta para crescer mais rápido, e ela não escuta, ou pelo menos não responde, quando perguntamos se “já chegou” a hora de colher. É preciso esperar, pacientemente, o tempo da vida. E isso ajuda a criança a aprender a virtude da paciência. Nesse caso, ela é acompanhada de uma expectativa confiante, diz Montessori, porque ao mesmo tempo que é necessário esperar, a criança sabe que se esperar e fizer direitinho o que a planta precisa que seja feito por ela, os resultados serão belos e grandes. Então, espera, e espera confiando na vida.

4. A criança desenvolve sentimentos pela natureza

Montessori dizia que a criança não aprende “ouvindo palavras, mas por meio da experiência no ambiente”. O ambiente natural de nossas crianças é reduzido ao mínimo, hoje, a ponto de acharmos que grama corresponde a natureza, quando há poucas coisas piores para o desenvolvimento da natureza do que a grama. Nossas crianças precisam da vida para amar a vida. A horta não só é vida, como é uma vida que depende da criança. De uma forma singela, a horta é um microcosmo da Terra. Os cuidados com a horta ajudam a criança a desenvolver amor pela Terra, e a se importar com a natureza. Na geração de nossos filhos, isso é mais importante do que qualquer outro aprendizado.

5. A criança segue o caminho do desenvolvimento da humanidade

Hoje, encontramos produtos alimentícios prontos em qualquer prateleira de mercado. Sopa em pó, mexerica em gomos numa bandeija, carne ultraprocessada em saquinhos que basta abrir e comer. A horta dá à criança a chance de acompanhar o alimento desde antes de sua existência propriamente dita, até o prato. O ciclo completo é visto, experimentado, aprendido, gravado na personalidade. O esforço dos milhões de humanos que nos trouxeram até aqui e nos mantêm, e o caminho que esses humanos trilham juntos com a Terra, fica muito mais claro para a criança se ela puder trilhar também, com a mesma intimidade com a Terra que os antigos tinham, e que nos permitiu sobreviver a tanta História.

Há várias maneiras de fazer uma horta em casa, desde em pequenos apartamentos até em casas com quintais grandes. É importante que os adultos se importem com a horta, mas não cuidem dela pela criança. Se a criança tiver a chance de cuidar sozinha, é aí que aprenderá tudo, desenvolverá tudo. É na relação com seu ambiente que a criança aprende sobre a vida, não é assistindo ao adulto fazer, mas fazendo. Traga natureza para sua casa, para sua vida e para a vida de seus filhos. A vida, em contato com a vida, fica muito melhor.


Descubra o que mais o Montessori pode fazer pelo seu filho:

Curso Montessori


 

Texto integralmente baseado em The Montessori Method, primeira edição. Disponível em: http://digital.library.upenn.edu/women/montessori/method/method.html#X
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4 comentários

  1. Muito interessante mesmo. Em minha casa já tenho plantas, mas não horta. Mas já está anotado como uma providência a tomar quando tivermos filhos, rs.

  2. Olá, Gabriel! Li emocionada esse texto, justamente por pensar na minha pequena acompanhando e compreendendo a vida. Ela tem 1 ano e 5 meses e moramos numa casa com quintal, mas sem terra. Precisaríamos usar vasos, o que não seria um problema. Dada a idade dela, o que eu poderia esperar da pequena em relação aos cuidados? Como ajudar? Obrigada!

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