Um Mundo Novo, Cheio de Milagres

Maria Montessori, que tinha um olhar abrangente para o mundo de sua época, preocupava-se de verdade com a construção do próximo mundo. Um mundo novo. Montessori era atenta aos movimentos sociais e políticos, à guerra e à paz, às disputas e as conciliações, às leis e aos tratados, mas dizia: “Leis e tratados não são suficientes. É preciso um novo mundo, cheio de milagres”. E continuava para dizer que “para aqueles que não acreditam em milagres, as crianças sabem realizá-los bem”.

Fico com a pureza da resposta das crianças!

A vida das crianças não é fácil. Todos os dias, encontram obstáculos em seu caminho. Os adultos não as compreendem, nem escutam. O espaço físico é todinho pensado para os adultos. O tempo delas não é respeitado e seu ritmo é visto como lento e errado. Cada pequeno erro das crianças e punido e castigado. Mesmo assim, as crianças acordam, a cada novo dia, com a disposição de sorrir, de tentar de novo, de ir mais longe.

E vão!

Os esforços delas são interrompidos o tempo todo, e mesmo assim elas tentam outra vez. Se neste tentar outra vez, um dia, a criança tem a sorte de não ter adultos por perto, de não ser interrompida, de poder se envolver com seu interesse inteiro, ela se concentra.

Neste instante, em que a criança entra em contato com o mundo e acontece a concentração, o mundo novo começa. Este é o milagre-ponto-de-partida. É para isso que ela vive: para o instante em que ela e o mundo estão em comunhão.

É a vida, e é bonita, e é bonita.

O bebê bem pequeno nasce assim, com essa propensão para viver em comunhão. Ele e o mundo, ele e a pele de sua mãe, sua boca e o seio de sua mãe, seus olhos e os olhos de quem o ama, seus ouvidos e a voz de seus adultos.

Quando esse bebê cresce, vai mais longe, e quer agarrar o mundo, subir no mundo, escalar o mundo, andar, correr, abraçar, carregar, encaixar, abrir e fechar o mundo. Com o mesmo amor que usa para abraçar seus pais, ele agora abraça a vida inteira.

O adulto precisa aceitar que esta criança não lhe pertence. Não podemos ter ciúmes deste amor. A criança precisa ir além de nós, precisa se arriscar um pouco, precisa sofrer as frustrações de tentar e falhar, e precisa descobrir o sucesso que vem com o tentar-de-novo.

A beleza de ser um eterno aprendiz! …
Isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita.

Busca, tentativa, sucesso, fracasso, frustração, insistência. Comunhão.

Montessori nos lembra muitas e muitas vezes de não interromper a criança. A construção do novo mundo precisa ter um dia para começar. Pode ser hoje.

“Você alguma vez deu ao seu filho, mesmo que só por um dia, a oportunidade de fazer o que ele quisesse, sem interferência?” – Maria Montessori

A vida… Sempre desejada.
Fico com a pureza da resposta das crianças:
É a vida, e é bonita, e é bonita!


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2 comentários

  1. Ao pararmos de viver o mundo como aprendemos desde a infância e observamos a criança sob o olhar de Montessori descobrimos que somos autoritários. Não deixamos as crianças andar sobre seus próprios pés, temos pressa. Mas a criança nos demosntra que é preciso calma e tranquilidade para ver a vida, ponderação ao caminhar, levantar todos os dias como amantes da vida.
    Precisamos aprender com elas e deixar nosso ego de lado e entender que somos um eterno aprendiz das coisas e das crianças.
    Esvaziar de si mesmos para deixarmos o mundo novo se abrir diante de nós.

    Obrigado Gabriel por esse texto lindo!!!
    Obrigada Montessori pelo legado de aprendizado que nos deixou.

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