Um Caminho Montessori para uma Vida Correta

Em uma visita a uma sala montessoriana de Educação Infantil, você vai encontrar dezenas de crianças trabalhando sozinhas, cada uma com sua atividade. Elas não são proibidas de trabalhar em conjunto, mas preferem trabalhar assim, de forma individual, até mais ou menos os cinco ou seis anos. Por outro lado, você verá que nenhuma criança tem um material. Elas usam os objetos da sala (desde quebra-cabeças até lápis de cor e papel), e depois colocam de volta no lugar para que a próxima criança possa usar também.

]Maria Montessori enfatizava que o uso é mais importante do que a posse. De fato, uma das características mais fascinantes descoberta por Montessori no desenvolvimento da criança é a “sublimação do instinto de posse”. Durante o desenvolvimento, muitas vezes as crianças são levadas a acreditar que ter é muito importante (porque nós as impedimos de fazer coisas o tempo todo, elas se apegam a objetos). Mas isso muda uma vez que elas encontrem um ambiente adequado, que permita a atividade espontânea e a concentração.

Em um ambiente adequado, onde fazer coisas seja possível, as crianças descobrem que ter é secundário, e que o mais importante é usar, cuidar, proteger, preservar, cooperar, trabalhar.

Montessori nos dizia com frequência que “a criança é a esperança e a promessa da humanidade”. E estava certa. Mas para além disso, Montessori também depositava uma imensa confiança nos adultos, e em nossa capacidade de transformação.

Existem dois caminhos para a vida, sugere Montessori, um que conduz à harmonia e ao amor, a uma vida utilizada para enriquecer as relações de interdependência que nos conectam a tudo o que vive. Outro que nos motiva pelo poder e pela posse, nos impede de ser o melhor que pudermos ser individualmente, e nos impede de alimentar a teia que nos liga ao que existe no cosmo.

A criança não consegue escolher um desses caminhos – ela depende da sorte de encontrar adultos e ambientes adequados e desenvolver sua personalidade na direção pretendida pela natureza. Nós não dependemos da sorte, e podemos escolher a todo instante o caminho que tomaremos.

Um caminho nos conduz a ajudar sempre que possível, o outro a receber e tomar o máximo que pudermos. Um aponta para a atenção e a paciência, outro para a pressa e a ansiedade. Um nos força a abrir mão do que não é importante em nome de algo maior, enquanto o outro mantém nossas mãos fechadas com bastante força, para não deixar nada escapar.

São decisões pequenas, uma depois da outra, por toda uma vida. Mas se é verdade que um caminho não se trilha com um passo só, também é verdade que só se trilha um caminho com um passo de cada vez.

O seu primeiro passo provavelmente já foi. Qual será o próximo? Que direção você vai escolher?


Tomar boas decisões não é fácil nem mesmo para os adultos, que dirá para as crianças. Aprender a identificar nossas vontades, nossos desejos, e desenvolver disciplina e autodisciplina… Não é uma tarefa fácil quando somos bem pequenos.

Recentemente, tivemos quatro aulas especiais sobre esse assunto nas Manhãs com Montessori. Elas ficaram especialmente interessantes e foram transformadas em um pequeno curso online, que existe para ajudar você também a compreender o desenvolvimento da vontade, da força de vontade, da obediência e da disciplina na mente da criança pequena.


As reflexões que você viu neste texto partem dos livros: O Segredo da Infância, A Mente da Criança, A Educação e a Paz, e Da Infância à Adolescência. Todos de Maria Montessori.

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