Reclamar ajuda a pensar e repensar a vida. Especialmente quando conversamos com outras pessoas, que nos escutam, e nos provocam. Pode não ser a melhor atitude diante da vida, mas tem um papel. Sem ver um problema, a gente não resolve.
Para isso, precisamos reclamar das coisas certas, ou ficamos como Alice no País das Maravilhas que, quando pediu uma indicação de caminho para “qualquer lugar”, ouviu do Gato que “se você quer ir a qualquer lugar, qualquer caminho serve”.
Quando reclamamos da criança reclamamos errado. O problema de verdade nunca está na criança. E eu sei que parece exagero, então pensa assim: se o resto da sua vida fosse perfeito, e você tivesse tempo, espaço e apoio para tudo, sua vida com as suas crianças não ia ser mais fácil?
As crianças seriam exatamente as mesmas, mas talvez você já não tivesse mais do que reclamar. Porque o problema não está nas crianças. Veja:
Não é a criança que está muito devagar.
- É o transporte público que é ruim.
- Carro demais na rua forma trânsito.
- O horário no trabalho só faz sentido para quem lucra com seu esforço.
- A escola começa cedo demais.
- Você é sobrecarregada com tarefas que deveriam ser compartilhadas.
Não é a criança que não para quieta.
- É que nós moramos em lugares cada vez menores.
- O espaço verde fica longe demais.
- Não dá tempo da criança brincar na escola. (oi?)
Até mesmo para o grande problema da birra do desespero e da revolta. Não é a criança.
- É que não dá tempo de brincar e não tem mais criança na rua.
- Os mercados e shoppings colocam os produtos mais tentadores na altura dos olhos das crianças.
- Adultos falam pouco com crianças. Mandam e proíbem, mas conversam pouco.
Pensar desse jeito pode incomodar, porque a gente não consegue resolver todas essas coisas. Elas estão além de nós e você pode pensar que seria preciso uma revolução para mudar tudo isso. Vale lembrar que Montessori também nos disse:
É uma revolução que pregamos quando falamos de educação. É uma revolução porque tudo o que conhecemos hoje será transformado. Eu a considero a última revolução.
Maria Montessori, em A Mente da Criança
Nós podemos sentir insatisfação com todas essas coisas. E o impacto delas no comportamento da criança e no nosso bem (e mal) estar não é pequeno, e a gente pode reclamar disso também. Podemos ver o problema melhor, e direcionar nossos esforços para mudar tudo o que pudermos.
Não faz sentido colocar todas essas coisas nos ombros da criança e esperar que ela resolva.
A nossa relação com a criança começa nas palavras que usamos para falar e pensar sobre ela.
Viva bem com a sua criança.
Isso importa.
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Às vezes, fica difícil tomar todas as decisões, e ter a sensação de que sabemos o que fazer. É difícil porque nosso mundo não nos ensinou a olhar para a criança de verdade. Eu fico muito feliz porque meu trabalho é mudar isso. Veja este depoimento lindo de uma mãe que é aluna do Lar Montessori:
Eu sou mãe solo, trabalho quase 15 horas por dia, vivo cansada, mas saber que minha filha é independente… simplesmente fez uma reviravolta na minha rotina. Agora mesmo eu tô fazendo o jantar e lavando a louça enquanto minha pequena toma banho tranquilamente, toda feliz por estar fazendo sozinha. Montessori salva as crianças, mas salva as mães como eu, que não têm apoio de ninguém. Se eu não tivesse descoberto […] tenho certeza que eu seria como tantas mães exaustas. Vocês trouxeram um pouco de fôlego pra minha rotina. (Weslleyane, mãe e aluna do Lar Montessori)
Eu adoro este depoimento porque ele mostra que o bem-estar da criança e da mãe andam juntos. Eu posso te ajudar a viver muito melhor, e melhorar a vida do seu filho, se você também vier para O Poder da Criança – as coisas começam a mudar na primeira aula.

Faz muito sentido!
Pois se olharmos com mais atenção, realmente a culpa é nossa que aceitamos viver nessa loucura e claro fica muito mais fácil desviar a culpa, ainda mais se for para as crianças.