Crianças Grandes Dizem “Não!”

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Crianças buscam formas de usar e aumentar sua inteligência o tempo todo. A partir dos cinco ou seis anos, uma dessas formas é questionar os adultos.

O questionamento é um desafio que a criança se coloca. Ela sabe que os adultos estão há mais tempo no mundo e sabem pensar e argumentar melhor do que uma criança pode saber.

Mesmo assim, elas tentam. No enfrentamento com adultos, encontram uma via para se tornarem mais inteligentes. Por isso, uma criança discordar de um adulto não é algo ruim. É um dos exercícios que ela precisa fazer para crescer.

Entre os seis e os doze anos, esse questionamento toma duas formas mais comuns.

A primeira forma é a negação simples. Nesse caso, pode ser um exercício da vontade, e da constituição da identidade da criança. Ela descobre quem ela é quando não é aquilo que o adulto espera dela. A resistência a tomar banho é um bom exemplo.

Para ajudar a criança, o adulto precisa encontrar caminhos para preservar a identidade dela, enquanto garante que ela fará o que precisa.

No caso do banho, é possível oferecer à criança a chance de escolher o horário em que prefere tomar banho, e incluir isso em uma agenda que a criança escreva e decore. Ela também pode escolher shampoo e sabonete, a partir de uma verba limitada. Pode ouvir música de sua escolha, em um volume que não incomode a casa. Assim, descobre que é possível existir como indivíduo separado dos adultos, e ao mesmo tempo fazer o que precisa ser feito.

A segunda forma é o questionamento moral e de justiça. Crianças a partir dos seis anos são muito sensíveis às desproporções do mundo. Quando alguém recebe mais atenção, benefícios, prioridade ou acesso do que os outros, ela vai sentir.

Isso começa com a sensação de que algo “não é justo comigo”, mas se expande, para incluir as injustiças cometidas contra outras pessoas, contra grupos humanos inteiros, contra animais e contra o planeta.

Nessa idade a criança quer pensar, as consequências práticas são secundárias. Ela pode questionar: Se tem gente passando fome, por que o governo não tira o dinheiro dos ricos e dá para os pobres? Ou: Se o gelo dos polos está derretendo, por que todos os países não proíbem o uso de petróleo? Finalmente:Por que as crianças mais novas comem primeiro, se todos precisam aprender a esperar?

Elas podem estar certas em alguns questionamentos e erradas em outros, suas soluções podem ser boas e ruins. O mais importante aqui é abrir espaço para a reflexão. Em lugar de responder à pergunta da criança, e assim silenciar sua inteligência, nós podemos dar uma informação e perguntar o que ela acha que poderia ser feito, estimulando sua reflexão ainda mais.

O mais importante é não ter medo da criança. Nem do não, nem do questionamento. Não é pessoal, não é com você. É ela, se desenvolvendo, e recorrendo a você como uma autoridade que pode ajudar na exploração do pensamento abstrato. Nosso papel não é vencer, é colaborar.

Se você quiser saber mais sobre crianças grandes e adolescentes, fique de olho nos próximos e-mails, no YouTube e no Instagram do Lar Montessori. Vem novidade por aí!

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