Todos os dias você acorda, e trabalha.
Este trabalho pode acontecer fora da sua casa, ou dentro dela. Pode ser um com carteira assinada, ou não, e pode ser em troca de remuneração, ou o enorme trabalho de fazer a casa funcionar. Todos os adultos saudáveis trabalham. E o trabalho do adulto tem uma função: construir a civilização. Tudo o que existe à sua volta (incluindo a tela onde você lê este texto) foi desenvolvido, fabricado, transportado e vendido por um adulto. A comida que comemos, a roupa, o teto, tudo o que sustenta nossas vidas foi feito por adultos.
Mesmo assim, Montessori dizia, o trabalho da criança é ainda mais importante.
Como isso é possível? Que fenômeno é esse, que supera a importância do trabalho que criou as pirâmides do Egito, a roda, o fogo!
Montessori descobriu um trabalho que, até então, era ignorado por toda a civilização.
O trabalho da criança é o de construir a humanidade.
Um adulto criou maneiras de usar o fogo, mas esse adulto foi criado por uma criança. Um adulto criou as pirâmides do Egito. Mas esse adulto foi criado por uma criança.
O trabalho da criança e o do adulto são muito diferentes.
O adulto trabalha para fora. O importante, para o adulto, é produzir alguma coisa. Desde um arranha-céu até um prato de comida. E em troca desse trabalho, o adulto geralmente recebe remuneração. Algo que também está fora dele, seja em dinheiro ou, em situações de exploração, comida. A realização do adulto vem por perceber que os resultados de seu trabalho são dignos de nota.
Já a criança faz tudo ao contrário.
Ela trabalha para dentro. O importante para ela é o processo, porque ele conduz não só a um resultado exterior, mas a uma infinidade de resultados interiores. Quando ela empurra uma cadeira pela sala, não só move a cadeira. Aprende também a controlar seus braços e pernas, desenvolve força e equilíbrio, senso de orientação e confiança em si mesma. A realização da criança não vem pelo resultado final de seu trabalho, mas pelas conquistas duradouras que vêm para ela durante o processo.
Por conta disso, as maneiras como o adulto e a criança trabalham são muito diferentes.
O adulto trabalha pela lei do mínimo esforço. E quando termina o que estava fazendo, toma medidas para garantir que o resultado será duradouro, e que o esforço tenha valido a pena.
A criança, bom… ela faz o contrário.
Quando uma criança termina de fechar uma torneira, abre de novo.
Quando termina de por as meias, tira de novo.
Quando termina de construir um castelo, destrói.
A criança parece não ter apego nenhum aos resultados.
Mas isso não é verdade. Ela adora os resultados. Só que os resultados importantes não estão fora dela. Estão dentro.
Para a criança, vale a pena trabalhar segundo a lei do máximo esforço. Vale a pena fazer as coisas da maneira mais desafiadora. Porque assim, os ganhos serão maiores.
Ela vai aprender mais, desenvolver mais, se tornar mais capaz, se puder se submeter a esforços maiores.
Por isso, crianças gostam tanto de repetição.
Por isso, se entregam tão profundamente a esforços enormes.
Por isso escolhem os caminhos mais difíceis, e os desafios físicos mais intensos.
Porque fazendo isso, desenvolvem-se.
E se desenvolvendo, constroem o ser humano. Constroem a humanidade.
O que a criança constrói é muito mais essencial e trabalhoso do que aquilo que o adulto faz. E mesmo assim, nós temos enorme dificuldade em enxergar o tipo de trabalho que a criança desenvolve e a importância dele.
Quando vemos a criança tentando fazer as coisas do jeito mais difícil, impedimos.
Quando vemos a criança repetindo a mesma coisa muitas vezes, interrompemos.
Quando vemos a criança enfrentando desafios muito grandes, ajudamos.
Mas quando fazemos isso, nós na verdade atrapalhamos a parte central de seu trabalho. Nós impedimos que o desenvolvimento interior acontecesse.
Se o adulto quiser ser útil para as crianças, se ele quiser ser nobre e bom, o primeiro passo é aprender a não atrapalhar. E isso pode significar não ajudar também. Impedir, interromper e ajudar são as formas mais comuns de obstáculo que os adultos colocam no desenvolvimento das crianças.
Se pudermos libertar as crianças desses obstáculos, então lhes daremos condições ideais de trabalho.
E elas finalmente terão paz, e uma situação propícia, para criar a humanidade.
Se você quiser entender melhor cada esforço de seu filho, continue conosco. Eu acredito que é possível viver muito melhor com crianças. Criei um curso para famílias que também acreditam nisso. Veja o que alguns alunos comentaram:
Me encheu de esperança em alcançar a paz com meus filhos e outras crianças.
Cristina Tavares, mãe
O Curso é excelente e bem eficaz. Estou muito feliz em fazê-lo porque está esclarecendo todas as dúvidas que eu tinha sobre a relação adulto e criança.
Liliane Araújo, mãe
Há 5 dias eu comprei o curso e assisti tudo. Fiquei tão maravilhado com o conteúdo e com seu amor em passar o que aprendeu… E só tenho a agradecer. A mudança é real.
Alan, pai
Eu amei esse texto. Depois de conhecer Montessori, aprendi a importância do trabalho da criança e comecei a entender que meu filho era meu ajudante em vez de meu atrapalhante, como costumava falar na minha ignorância.