A pergunta paira nas mentes de todos que fazem Montessori há algum tempo: Como saber se alguém é – e como saber se eu mesmo sou – montessoriano? Este texto está aqui para defender que montessorianos não existem. Desde Maria Montessori, e contando com ela, nunca houve um só montessoriano. O que existem são ações montessorianas. E nós chamamos de montessorianas aquelas pessoas que, na maior parte de suas ações, executam-nas de forma montessoriana.
O que é, então, uma ação montessoriana? É uma ação que liberta a criança.
O que é libertar, e quem é essa criança? Liberdade, em Montessori, é um conjunto de “condições favoráveis à vida”. Se a vida pode contar com condições para existir plenamente e da forma mais completa e feliz possível, existe liberdade.
Já criança, em Montessori, não é só aquele conjunto de corpo e mente que está há pouco tempo no mundo. Para Montessori, a criança é mais que isso. É, principalmente, os potenciais que vêm com a criança, e de alguma forma são a criança. O potencial de aprender, de se interessar, de se concentrar, de adquirir uma, duas, três línguas, e finalmente o potencial de se tornarem adultos pacíficos, dedicados, e moralmente corretos.
Um potencial especial, para Montessori, é o da independência da criança, a ponto de ela chegar a dizer, em Mente Absorvente, que “vida é independência”.
Assim, uma ação montessoriana é aquela que ajuda a satisfazer as condições favoráveis ao desenvolvimento dos potenciais mais íntimos da criança, e a coloca no caminho da independência.
Um montessoriano é aquele que executa muitas ações desse tipo.
Por isso, não basta fazer um curso, ler livros, observar crianças e ter experiência para se “ser montessoriano”, e por isso é impossível “ser” montessoriano. Montessori é mais algo que se faz do que algo que se é.
Daí, vêm duas notícias. Uma boa, e uma não-tão-boa.
A notícia boa é que, como Montessori não é algo que se é, mas algo que se faz, Montessori é só uma questão de esforço. Todo mundo pode fazer Montessori, se estudar, se aplicar, observar e praticar o suficiente. É como fritar ovos. Não se “é” um fritador de ovos. Mas você pode fritar ovos especialmente bem depois de aprender, observar e praticar bastante. Há esperança, então, para todos nós, que tropeçamos e erramos com frequência, porque basta continuar estudando (talvez mais do que hoje), observando (talvez mais do que hoje) e praticando (talvez mais do que hoje) e nós vamos aumentando, pouco a pouco, a presença de ações montessorianas em nossas interações com crianças.
Por outro lado, a notícia não tão boa é que é impossível terminar o processo. Nós nunca nos tornaremos montessorianos para sempre, com garantia eterna de qualidade. Uma desatenção, e pode escorregar uma ação não-montessoriana. Claro, a chance disso acontecer diminui com o esforço, o tempo, e o hábito. Mas está ali, sempre, e exige de nós atenção e empenho eternos.
Essa “má” notícia também quer dizer que é impossível se formar em Montessori com um curso, e responde às questões de todos nós, sobre porque é tão raro achar montessorianos. O que existem são famílias, professores e escolas que buscam fazer com que todas as ações ali sejam montessorianas, em respeito e ajuda à vida. Mas o sucesso acontece instante-a-instante, e nunca para sempre, com garantia eterna de qualidade.
Entre a boa e a má notícias, podemos escolher a esperança.
Se nenhum de nós nunca será montessoriano, não existe uma separação verdadeira entre os que têm pouca prática e os que têm muita, os que estudaram pouco e os que estudaram muito. Não existe uma separação intrínseca. Nós somos unidos pelas nossas ações montessorianas, e nossa revolução não é uma de adultos e professores mais competentes do que outros adultos e professores, é uma de ação-a-ação.
Simplesmente pensar que porque “fazemos Montessori” somos melhores do que as pessoas ao lado, que não fazem, é um ato de violência, e Montessori foi muito clara ao dizer que um só ato de violência colocaria toda a nossa revolução por terra. Não podemos ser violentos, nem ao pensaremos em nossos conhecidos “menos montessorianos”, porque se ninguém “é” montessoriano, nem nós, nem eles, somos. E nossa busca deixa de ser fazer com que mais pessoas sejam montessorianas.
Nossa busca passa a ser a de ajudar mais adultos a incorporarem cada vez mais ações montessorianas nas suas interações com crianças.
Isso é um montessoriano.
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Maravilhoso!!!Superou as minhas expectativas. Tudo muito claro, bem explicado e um professor incrível. Adorei o curso.
Amanda Ozaki
Muito mais do que eu esperava! É, sobretudo, um curso repleto de informações e generosidade. Como pai, espero aprender muito ainda para ajudar meu filho e esse curso foi um passo bastante importante para que eu me torne um adulto melhor preparado.
Moacir Santana
Gabriel, estou percebendo que o método nos ajuda a entender e aceitar e apoiar melhor a criança autista.