Quase todos nós reagimos com alegria aos elogios, e com tristeza, medo ou vergonha às críticas que recebemos. Isso é verdade em todas as situações da vida. Mas quando estamos dentro de casa com nossos filhos, ou na sala de aula com nossos alunos, raramente somos observados por alguém, e raramente recebemos críticas diretas feitas à nossa conduta. Por que, então, sentimos tanta vergonha e angústia sobre a maneira que temos de educar nossas crianças?
Brené Brown, uma brilhante pesquisadora da Universidade de Houston, defende que isso acontece porque as piores críticas partem de nós mesmos. É como se tivéssemos, segundo ela (no livro A Coragem de Ser Imperfeito), uma gangue de gremlins dentro de nós (se você não lembra quem são os gremlins, eu deixo um abaixo para você), prontos para nos atacar diante de qualquer erro, ou qualquer pensamento de possibilidade remota de erro que nós possamos cometer.

Vale dizer, a palavra gremlin vem do antigo inglês e do antigo alemão, e significa: irritar, e confundir. É isso que a gangue de gremlins faz conosco: eles recitam absurdos em nossos ouvidos, que nos irritam e confundem:
– Você não é suficiente. Você não é como essas mães/professoras da internet.
– Quem você acha que é para fazer Montessori sem nunca ter feito um curso?
– Você não está nem perto de conseguir fazer o que o Lar Montessori diz que tem que ser feito.
E nós acreditamos nos gremlins. Nós nunca falaríamos assim com um amigo que estivesse tentando fazer o seu melhor. E acharíamos absurdo se víssemos alguém falando assim com ele. Mas nós aceitamos quando falam assim conosco – mais! Nós mesmos falamos assim conosco.
Montessori diz que “os erros nos aproximam e nos fazem amigos melhores… Uma pessoa perfeita é incapaz de se transformar”.
Acima de tudo, precisamos compreender isso: Se somente pessoas perfeitas pudessem ter filhos e se esforçar por uma boa educação, então não haveria mais humanidade. A humanidade inteira depende da coragem de pessoas imperfeitas.
Isso não quer dizer que não vamos melhorar, que podemos nos acomodar, ou que buscar fazer as coisas um pouco melhor, todos os dias, seja bobagem. Melhorar é urgente, e Montessori nos dá um caminho:
O caminho para a perfeição é aquele no qual em todas as ações que fazemos na vida, nós pensamos e executamos como um meio para a perfeição.[…] Atentamente, cuidadosamente, com consciência, e tão perfeitamente quanto possível.
Montessori em Creative Development in the Child
Repare que Montessori não fala em pessoas perfeitas, mas em ações cuidadosas. Não é necessário – nem possível – ser um perfeito montessoriano. Mas talvez seja possível executar uma ação com o máximo de cuidado. Depois outra. E depois mais uma.
Nos nossos esforços, cometeremos erros. E Montessori nos diz:
O que importa não é a correção [no nosso caso, os gremlins], mas sim que cada um possa se tornar consciente de seus próprios erros. […] Isso (o controle dos próprios erros) coloca seus pés no caminho da perfeição. Pela prática diária ganha-se segurança. Isso não quer dizer que já se é perfeito, mas que se ganha uma percepção das próprias habilidades, e isso desperta o desejo de tentar.
Montessori em Mente Absorvente
Nós não precisamos ser perfeitos para fazer Montessori. Nós fazemos Montessori em uma ação de cada vez. E sabemos que podemos nos esforçar para executar uma ação com muito cuidado. Podemos perceber os erros. Não os erros da nossa personalidade terrível, como diriam os gremlins, mas os erros das nossas ações. E, devagar, podemos executar ações melhores. Este é o caminho da perfeição, e nele nós estamos juntos.
Fazer Montessori é mais fácil quando podemos contar com ajuda e companhia. Depois de conversar com centenas de famílias e estudar a obra de Maria Montessori, eu encontrei os caminhos mais transformadores de Montessori para nossa relação com as crianças e organizei tudo isso em um curso. Atualmente ele conta com mais de 700 alunos. Veja alguns comentários deles sobre o curso:
Me encheu de esperança em alcançar a paz com meus filhos e outras crianças.
Cristina Tavares
No segundo vídeo já enxerguei tanta coisa sobre minha filha que não conseguia entender! Incrível!!!
Tati Alves